Andando por um fio: conheça o incrível Perau do Facão
O local:
Arvorezinha: uma pequena cidade da região do Alto Vale do Taquari, com pouco mais de 10 mil habitantes. A cidade cujo nome faz menção a uma pequena figueira que existiu ao lado da sua igreja matriz, já se chamou Figueira, mas por força de um Decreto Estadual, passou a se chamar Arvorezinha, antes mesmo de sua emancipação política, em 1959. Até aí, nada de mais!
O que torna Arvorezinha realmente fascinante é sua posição geográfica, uma vez que a cidade está caprichosamente posicionada em uma região de transição entre o Vale do Taquari e os majestosos planaltos do norte do estado, a uma altitude de cerca de 750 metros acima do nível do mar. Tal posicionamento garante características únicas, como relevos acidentados mesclados com planaltos, geralmente cobertos de plantações de erva-mate, principal cultura local.
Não bastasse a natureza privilegiada, a população da cidade, formada por descendentes de diversas etnias, na maioria italianos e alemães, tornam a cidade ainda mais acolhedora com sua hospitalidade.
Se tais características ainda não se fizerem suficientes para instigá-lo, some a tudo isso as inúmeras cascatas que salpicam os 271 Km² de extensão desta pequena cidade. Interessou?
Hoje, vamos falar sobre uma das mais impressionantes formações rochosas do Rio Grande do Sul: o Cânion Perau do Facão, com seu formato de lâmina, daí seu nome. Junto às falésias, escoam as águas do Arroio Figueirinha, formando uma incrível cascata de "dois degraus", a Cascata do Perau, que pode ser acessada por trilhas moderadamente severas e que além de tudo, revelam ao visitante diversas surpresas.
Onde fica:
Arvorezinha localiza-se a 210 quilômetros de Porto Alegre, ao final da região do Alto Vale do Taquari, que é rota dos moinhos e também dos ervais gaúchos. A cidade tem como principal acesso a RS-332, rodovia estadual que corta toda a região, de Encantado a Soledade. Ver detalhes
Já o Cânion Perau do Facão localiza-se no interior do município, na localidade de Barro Preto, a 9,5 quilômetros do centro de Arvorezinha. Ver detalhes
O que fazer:
Antes de mais nada, como chegamos à cidade pelo sul, paramos para registrar esta pitoresca igrejinha da Comunidade Linha São Lourenço, na divisa dos municípios de Ilópolis e Arvorezinha. A edificação de torre única foi construída toda em pedra basalto, material abundante na região.
Pouco mais de 2 quilômetros depois, já no centro de Arvorezinha, desponta do alto de um morro a belíssima Igreja Matriz São João Batista.
A singela igreja em estilo neogótico, com sua torre única ostentando um relógio, foi construída pela própria população e inaugurada em 1942. Seu posicionamento, no alto de um morro todo ornamentado por hortênsias, a torna perfeita para celebrações natalinas. É o chamado Natal no Morro, espetáculo sacro natalino que combina a representação cênica do Natal com as luzes que cobrem e colorem o morro e a igreja. O Natal no Morro é o principal evento natalino da região e um dos mais importantes do Rio Grande do Sul.
Na localidade de Barro Preto, na estrada secundária para Fontoura Xavier, a 9,5 Km do centro, encontra-se o Cânion Perau do Facão. Situado dentro de uma propriedade particular, o cânion é a principal atração da cidade e conta com uma boa estrutura para recepcionar os visitantes. Na ocasião, pagamos ingresso R$20,00 por pessoa.
Antes de iniciar o passeio, é importante ler as instruções para evitar qualquer contratempo nas trilhas.
O amplo deck voltado para o lado sul do perau é convidativo.
A parte superior da trilha possui um passeio com guarda-corpos de madeira, para garantir a segurança dos visitantes. É a chamada trilha acessível, que percorre a lâmina do facão. Na entrada da trilha, são fornecidos cajados de bambu.
A formação rochosa possui o curioso formato de uma lâmina, com cerca de 14 metros de largura média e 80 metros de altura. De um lado, paredão vertical. Do outro, também. A sensação de caminhar sobre o fio de um facão é única e magnífica!
Ao longo do caminho, há alguns mirantes que lhe convidam a parar e contemplar.
Registros indicam que antes mesmo da ocupação europeia na região, povos indígenas já frequentavam o local, transitando sobre a estreita trilha e equilibrando-se sobre o fio do facão. Claro que na época, não havia sinalização e proteções.
Hoje, a trilha é toda sinalizada.
Nas encostas quase verticais do cânion, a vegetação dá seu jeito para se equilibrar, como essa araucária, de cerca de 20 metros de altura.
Nos mirantes à esquerda da trilha, é possível observar a incrível Cascata do Perau, com seus degraus formando duas piscinas naturais nas bases.
Um dos objetivos da trilha é chegar na piscina inferior, pouco mais de 80 metros abaixo do mirante. Para isso, é preciso contornar um paredão vertical rochoso. Na borda da lâmina, final da chamada trilha acessível, é onde a aventura começa. Essa etapa requer cautela pela sua inclinação acentuada.
Mesmo assim, na parte mais íngreme, há alguns degraus e corrimão de bambu.
Na encosta do morro, samambaias formam um verdadeiro bolsão verde, dividindo o espaço com criúvas, guaviroveiras e demais espécies da flora nativa. Neste ponto da trilha, prepare-se vara vencer um desnível de cerca de 50 metros até a bifurcação.
Na bifurcação da trilha, você pode escolher qual lado do arroio irá percorrer. No lado esquerdo do rio, há paredões de rocha verticais e até com inclinação negativa.
À sombra do imponente paredão rochoso, o clima fica favorável para o desenvolvimento de musgos nas árvores.
Cerca de meia hora depois de iniciarmos a descida, chegamos no arroio. Um verdadeiro prêmio para quem encarou trilhas até então.
O Arroio Figueirinha, que se esgueira por entre as pedras e a vegetação, é afluente do Rio Forqueta, compondo a bacia do Rio Taquari.
Quase em frente à base da cascata, uma placa adverte sobre o perigo de afogamento, uma vez que a piscina natural tem pontos de maior profundidade.
Ambas as trilhas terminam neste ponto, na base da cascata. Aqui, a parada deve ser mais longa para admirar tanta beleza.
É neste ponto que o paredão fica totalmente visível.
Após renovarmos as energias, é hora de voltar. Como antes só descemos, o caminho de volta é só subida. Então, todo o refresco ajuda!
E uma última olhada para trás não é um exagero, neste caso.
O Cânion Perau do Facão possui uma boa estrutura para recepcionar os turistas. O parque é aberto à visitação somente aos finais de semana, das 08:00 às 16:00. A visitação termina as 16:00 por um motivo óbvio, afinal, a trilha completa possui um tempo de percurso superior a duas horas, não sendo prudente percorrê-las após escurecer. Para visitá-lo, recomendamos roupas leves e calçados fechados, que facilitem a caminhada.
Você pode entrar em contato com a administração do parque pelo número (51)99959-6402, para saber mais detalhes. Os administradores são os mesmos do Parque das Araucárias, camping e pousada que fica a pouco mais de 7 quilômetros do Cânion Perau do Facão e que ganhará matéria exclusiva neste site.
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Até a próxima!
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Top dms, que as postagens desse blog nao acabem nunca.
ResponderExcluirGrande satisfação ler seu feedback! Assim, ficamos inspirados a seguir produzindo mais e mais matérias sobre turismo na nossa bela região. Muito obrigado Felipe! Grande abraço
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