As janelas do tempo: conheça a histórica Casa da Memória Merlin
O local:
Permita-se viajar no tempo, através da janela grande e envidraçada, agraciada pelo sol e que revela espessas paredes de um casarão de pedra construído em 1884. Nele, repousam as memórias da família Merlin e de várias outras, que saíram da Itália nas primeiras levas de imigrantes, buscando prosperidade na América, em meados da segunda metade do século XIX. Memórias que perduram até hoje graças ao projeto de transformar a maior casa de pedra da região em museu. Instituído por uma lei municipal de 2012, o projeto previa a ocuppação do casarão como um espaço de cultura e lazer, para a realização de eventos de grupos folclóricos e oficinas, além de servir como sede da Associação Caminhos de Pedra, que organiza um dos roteiros turísticos mais fascinantes de Bento Gonçalves.
Como resultado, hoje temos essa jóia à disposição para visitação e contemplação. Conheça a Casa da Memória Merlin, nos Caminhos de Pedra.
Onde fica:
O que fazer:
É impossível transitar pela região e não ficar maravilhado com a imponência do casarão de 3 andares do século XIX. Uma edificação de pouco mais de 400 m², que demonstrava não só o poder econômico da família, mas também o quanto ela era numerosa. Ao chegar às terras que lhe foram prometidas, o imigrante italiano Pietro Merlin iniciou a construção da casa, que foi realizada em duas etapas. A técnica de talhar e assentar pedras foi um dos legados trazidos do Velho Continente.
Ao chegarmos à casa, fomos cordialmente recepcionados pela guia. O passeio guiado custou R$10,00 por pessoa e é uma verdadeira imersão na história da imigração italiana no Brasil.
A casa que sempre pertenceu à Família Merlin, passou de geração a geração e sofreu algumas alterações nos anos 60. Na ocasião, ela havia ganhado uma camada de reboco. Nos anos 80, o reboco foi removido, evideciando novamente as charmosas pedras basalto.
A casa possui 43 aberturas, todas emolduradas com madeira, as quais receberam pintura branca no processo de restauração. Os estreitos corredores são adornados com objetos antigos doados por famílias da região.
O riquíssimo acervo conta a história de luta e árduo trabalho realizado pelas primeiras famílias a chamar essa região de lar. Tratava-se de uma região completamente desabitada e distante de qualquer resquício de civilização, onde a mata virgem prevalecia. Aos poucos, o terreno foi moldado e adaptado à agricultura e à pecuária. Parreirais começaram a aparecer. Os grandes chapéus de palha, que acompanhavam os trabalhadores em suas jornadas na roça, são algumas das heranças mais marcantes dessa época.
É notável a espessura das paredes, algo inimaginável nos dias atuais em construções residenciais. O rangido das escadas parece um resmungo, algo que quer contar parte da história!
O corrimão metálico e as faixas antiderrapantes são uma exigência atual, mas se misturaram bem aos elementos de época.
O quarto do casal era dotado de móveis de madeira, camas com colchão e travesseiros forrados de palha e o tradicional penico, que ficava estrategicamente posicionado abaixo da cama.
Os móveis de madeira eram talhados e montados pelos próprios imigrantes, com o materialexistente no local. Poucas ferramentas foram trazidas da Itália, pois os navios não dispunham de muito espaço para bagagens. Dessa forma, a maioria delas tiveram que ser produzidas aqui.
O velho violino era uma das lembranças do esplendor europeu.
O andar superior, o sótão, era utilizado como depósito, embora algumas famílias tivessem que utilizar essa parte da casa também como dormitório, à medida que a família ia ficando mais numerosa.
A parte de trás do casarão recebeu adaptações para se adequar às normas de acessibilidade atuais.
Ao lado, desponta uma singela casinha de madeira, construída em estilo colonial e que faz parte do paisagismo do local.
O casarão de pedra e a casinha de madeira estão envoltas por um belo jardim.
E o sábado ensolarado fica completo após um ótimo passeio cultural.
A Associação Caminhos de Pedra atua na preservação das memórias dos imigrantes italianos, que começaram a habitar essa bela região em 1875, transformando-as em um incrível roteiro turístico que mais parece com um pedacinho da Itália. Associados a uma paisagem rural exuberante, tem atraído cada vez mais turistas do Brasil inteiro.
Hoje, a Casa da Memória Merlin, além de guardar o acervo das famílias de imigrantes italianos, oferece programações temáticas como oficinas de danças folclóricas, instrumentos musicais, coro e teatro. Ela funciona diariamente, das 10:00 às 16:00.
Se você resolver percorrer os Caminhos de Pedra, reserve ao menos um dia inteiro para visitar as demais atrações do local, como a Casa da Erva Mate, a Casa da Ovelha ou a Casa das Cucas. O roteiro também é repleto de restaurantes e pousadas. Claro que em um único dia, você não conseguirá visitar todas, mas certamente aproveitará o passeio e desejará retornar!
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Até a próxima!
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