As Três Maravilhas de Foz do Iguaçu: as Cataratas
O local:
Uma maravilha natural, atração turística classificada em patamar superior a praticamente todas as demais do país. Advirto que tal descrição é literal e não contém hiperbolismo, pois estou me referindo às Cataratas do Iguaçu. E não é por acaso que este lugar mágico atrai milhares de visitantes de todos os cantos do mundo. Em 2022, foram 1,4 milhões de visitantes oriundos de 148 países diferentes, segundo a Agência Estadual de Notícias do Estado do Paraná.
Muito além de uma maravilha natural, um ícone que estampa qualquer folder de turismo brasileiro, mundo afora, as Cataratas do Iguaçu são originadas de uma quebra de relevo no leito do gigante Rio Iguaçu, bem próximo à sua foz, local onde a vazão chega ao seu ápice. O Rio Iguaçu atravessa o estado do Paraná, de leste a oeste, aproveitando o embalo da diferença de altitude entre a serra da região metropolitana de Curitiba, chamada de Serra do Mar, com seus 1000 metros acima do nível do oceano e o extremo oeste, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, cuja altitude é de cerca de 200 metros. Essa fantástica jornada de 1320 quilômetros, que corta o estado longitudinalmente, inicia do encontro de dois pequenos cursos d'água, o Rio Atuba e o Rio Iraí, nos domínios do município de Piraquara e até sua foz, recebe as águas dos rios Negro, Jordão, Chopin, Belém, Água Verde, Ivo, dentre outros afluentes de menor vazão. Por fim, acaba contribuindo substancialmente para a formação da bacia do Rio Paraná, segundo maior rio do Brasil em volume e também em extensão. A foz do Rio Iguaçu fica a 24,5 quilômetros a jusante das Cataratas, no ponto que marca a tríplice fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina.
As cataratas foram avistada pela primeira vez por um europeu em 1542, quando o explorador espanhol Álvar Núñes Cabeza de Vaca atravessou a região, em sua expedição que terminaria em Assunção, no Paraguai. Muito antes disso, os povos indígenas que habitavam a região já chamavam o local de Igu Açu, que na língua tupi-guarani, quer dizer "água grande". Os degraus de rocha vulcânica foram formados por um evento geológico que ocorreu há cerca de 130 milhões de anos, quando escapes magmáticos cobriram parcialmente a bacia sedimentar do Paraná, com camadas que somadas, chegam a medir 1.500 metros de espessura. Com o passar com tempo, as águas turbulentas do Rio Iguaçu desgastaram a parte sedimentar, menos resistente. As camadas da rocha magmática, predominantemente basáltica, resistem por mais tempo à erosão fluvial, originando as paredes da garganta. Mesmo assim, os degraus formados por esta rocha magmática vem sendo desgastados ao longo dos milhares de anos, recuando cerca de 3 milímetros por ano.
O vértice das cataratas é chamada de Garganta do Diabo (nome um tanto controverso) e tem cerca de 120 metros de largura, 200 de comprimento e 82 metros de altura. Neste ponto, a vazão média é superior a 1.800 metros cúbicos por segundo, pouco mais de uma vez e meia o volume de uma piscina olímpica.
Onde fica:
As Cataratas do Iguaçu fazem parte do Parque Nacional do Iguaçu, área de conservação natural administrada pelo Instituto Chico mendes - ICMBio, com cerca de 185 mil hectares (apenas do lado brasileiro). A sede do parque fica no extremo sul da cidade de Foz do Iguaçu, tendo como único acesso a BR-469, também conhecida como Avenida das Cataratas, via urbana que inicia na região central da cidade. Ver detalhes
O que fazer:
A sede do Parque Nacional do Iguaçu fica a cerca de 10 quilômetros das cataratas. Ao chegar, você será instruído a estacionar seu veículo no amplo estacionamento e ingressar a um dos pontos de venda de ingressos. Como havíamos adquirido o passaporte antecipadamente, evitamos as enormes filas que se formam nos guichês. Aliás, eis o primeiro ponto importante a ser observado para evitar transtornos. Após o check in, é só aguardar por um dos diversos ônibus que circulam pelo parque e iniciar o passeio. Enquanto você aguarda, empresas credenciadas irão lhe oferecer passeios guiados, estadias e até vôos de helicóptero sobre as Cataratas. Nesta hora, o céu é o limite entre você e o orçamento do seu passeio. Iniciado o passeio, o ônibus faz uma parada bem no meio do curto trajeto entre a sede e as cataratas, onde se localiza o Macuco Safari, uma das empresas credenciadas que oferece atividades em meio à floresta como o safari com veículos elétricos, trilhas, passeio de barco e rafting nas corredeiras do Rio Iguaçu. As atividades não estão incluídas no ingresso ao parque (vide https://macucosafari.com.br/). Ao chegar às cataratas, a primeira vista que se tem é do suntuoso Belmond Hotel das Cataratas.
Em frente ao hotel, junto à parada do ônibus, um amplo mirante já permite avistar as primeiras quedas d'água, contrastando com o rochedo. Neste local, os visitantes são recepcionados por um grupo de simpáticos quatis, que aliás, não são nativos da América do Sul, mas se adaptaram muito bem ao meio em que foram introduzidos.
Nem todas as falésias apresentam fluxo contínuo de água. Em períodos de estiagem, as quedas ficam mais delgadas e os paredões secos, mais constantes.
Lá do alto, avista-se o barco de passeios do Macuco Safari, que se apequena diante da enorme garganta de rocha vulcânica.
Os degraus de rocha foram originados por diferentes derrames de magma, no mesmo evento geológico.
A maior parte das quedas d'água ficam em território argentino, do outro lado do rio.
Com a redução do volume de água, também se forma um enorme banco de sedimentos junto ao leito.
À medida que vamos descendo pela trilha de acesso à Garganta do Diabo, a paisagem vai ficando mais impressionante.
A trilha que margeia o caudaloso Rio Iguaçu é calçada e bem sinalizada. Não há com o que se preocupar, a não ser em admirar e fotografar. No caminho, uma verdadeira miscelânea de idiomas e dialetos dos visitantes de todo o mundo podem ser ouvidos.
Eis que surge a famosa passarela que margeia a Garganta do Diabo, adentrando o leito do rio. Nela, uma multidão disputa as melhores posições para fotografar e admirar.
A partir desse ponto, o ronco das águas te impossibilita de conversar em tom de voz nhabitual. O chuvisqueiro também começa a se intensificar.
A sensação de adentrar a garganta é magnífica e indescritível.
Não por acaso é buscada por milhares de pessoas de todas as partes do mundo.
A passarela coberta por um mosaico humano fica pequena diante da imponência da imensa garganta salivante!
Ao acessar a passarela em um dia de movimento intenso, o único segredo é a paciência. Mas não se preocupe, pois ela é extremamente segura e passa por inspeções constantes.
Com corredores e alguns recuos, a estrutura de concreto e aço fica completamente abarrotada. O negócio é tirar suas fotos rapidamente e prosseguir.
As corredeiras ganham tons coloridos e até formam um belo arco-íris, quando "tocadas" pela luz solar.
Vista de cima, a Garganta do Diabo tem a forma de um U, sendo vagarosa e caprichosamente esculpido pelas águas. A metade do U com o maior número de quedas d'água fica no lado argentino, dentro do Parque Nacional del Iguazú.
Por um momento, até desisti de secar a lente da câmera. O chuvisco me venceu! Faz parte do passeio.
De qualquer forma, o chuvisco formado pelas quedas d'água fica mais intenso em períodos de maior vazão do rio. Aí recomenda-se o uso de uma capa impermeável, caso não queira ficar encharcado.
Após percorrermos os cerca de 100 metros da passarela e tomarmos o melhor banho de nossas vidas, seguimos pela trilha, em direção do Restaurante Porto Canoas.
Pouco antes do restaurante, há mais mirantes e um elevador panorâmico, que podem render excelentes fotos.
Este lugar dispensa qualquer trilha sonora, pois o urro das corredeiras já preenche esta lacuna. É a natureza no seu estado mais puro, mostrando sua intensidade e exuberância.
O Parque Nacional do Iguaçu é um bolsão de mata atlântica, delimitado a sul pelo rio que lhe dá nome e nos demais lados por propriedades rurais e lavouras de soja. O parque ocupa parte do território de diversos municípios do extremo oeste do estado do Paraná. Sua sede administrativa fica na BR-469, Km 22,5, em Foz do Iguaçu. O parque possui ainda duas bases avançadas, uma no município de Céu Azul, às margens da BR-277, Km 637 e a outra fica em Capanema, na Rua Otávio Kischner, 265. Pudera, se o parque fosse um país, ocuparia a posição 171 em uma lista em ordem de extensão territorial, com seus 1.850 km², à frente de Singapura, Bahrein e Andorra, por exemplo. Aliás, ao viajar para Foz do Iguaçu, a vegetação nativa pode ser vista ao longo de 32 quilômetros, na margem esquerda da Rodovia BR-277, entre o perímetro urbano de Santa Tereza do Oeste e Céu Azul. Mais do que um parque nacional, trata-se de um patrimônio natural mundial, que abriga inclusive espécies raras, como a fascinante onça pintada, maior felino das Américas, além de uma ampla gama de aves, répteis e pequenos mamíferos.
No início do século XX, a área do parque onde as Cataratas se localizam era particular. Em 1916, o Decreto Estadual nº 653 tornava a área de Utilidade Pública, iniciativa que se deveu, em partes, à participação ativa de Santos Dumont. Foi em 1939 que o Decreto Federal 1.035 criou o Parque Nacional do Iguaçu, dando a ele a função atual de ser uma área de preservação de espécies da flora e fauna nativas. Em 1986, o parque ganhou status de Patrimônio Mundial Natural, reconhecido pela Unesco. Já em 2012, as Cataratas foram eleitas como uma das 7 Maravilhas Naturais do Mundo.
Se for visitar Foz do Iguaçu, recomendo a visita das cataratas, também pelo lado argentino. Informe-se sobre o passeio em https://iguazuargentina.com/. Para a aquisição antecipada do passaporte ao Parque Nacional do Iguaçu, acesse o site https://www.destino.foz.br/atrativo/cataratas-do-iguacu/ ou https://tickets.cataratasdoiguacu.com.br/, lembrando que é sempre bom conferir se você está realmente acessando o site oficial da atração.
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Até a próxima!
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