As Três Maravilhas de Foz do Iguaçu: Itaipu Binacional

O local:

O estado do Paraná é muito grande! Possui uma área de quase 200 mil quilômetros quadrados. Não bastasse sua vastidão, é um dos estados brasileiros mais ricos em belezas naturais e atrações turísticas. Não por acaso, possui um dos destinos turísticos mais procurados da América Latina.

Começamos, assim, nossa expansão de horizontes. Até então, apresentamos diversos locais e atrações do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, agora começamos a mostrar as belezas do belíssimo estado do Paraná. Todos eles, visitados pelo chão, pela estrada, vendo o mundo passar, sentindo cada local, assim como nós gostamos de viajar!

Foz do Iguaçu, no extremo oeste do estado, é o destino turístico mais procurado do Paraná. Além das icônicas cataratas, a cidade possui inúmeras atrações e pode render um excelente programa de feriadão prolongado ou até de férias. A verdade é que a cidade conta com mais de 20 atrações turísticas, algumas delas com fama internacional e status de maravilha natural, isso além dos demais parques naturais, artificiais, museus e templos. Trocando em miúdos, a cidade responde por cerca de 1/3 do número de visitantes que o Estado do Paraná recebe por ano. 

Antes de viajarmos para o Paraná, fizemos uma pesquisa que favoreceu muito na escolha do roteiro e no próprio desenrolar da viagem. Por se tratar de um destino a quase 900 quilômetros de distância, detalhes como a situação das rodovias, obras na pista, pedágios e até os pontos de parada são itens básicos de uma viagem sem contratempos. Em nossas pesquisas, acabamos conhecendo o Passaporte 3 Maravilhas, que pôde ser adquirido antecipadamente e seu voucher retirado no início do passeio, no complexo de Itaipu. 

E foi exatamente a hidrelétrica Itaipu Binacional, nosso primeiro destino em Foz do Iguaçu. No primeiro momento, parece ser um destino voltado para excursões técnicas, para fins educacionais. Muito mais do que isso! Foi um dia inteiro de uma fascinante imersão, mostrando possibilidades que vão de um tour de ônibus pelo complexo, até um maravilhoso passeio de escuna, ao pôr do Sol, pelo lago da barragem e até show de fogos e luzes, à noite.

Itaipu Binacional

Onde fica:

Beira a redundância explicar onde fica Foz do Iguaçu! Mesmo assim, vamos explicar. O principal acesso à cidade é a BR-277, rodovia que corta o estado o Paraná de leste a oeste, ao longo de mais de 600 quilômetros, iniciando em Paranaguá e terminando na Ponte da Amizade, na divisa com o município paraguaio de Ciudad Del Este. Ver detalhes

O Centro de Recepção de Visitantes de Itaipu Binacional localiza-se no norte da cidade de Foz do Iguaçu. O acesso se dá pela BR-600, rodovia que inicia no entroncamento da BR-277 e Avenida Juscelino Kubitscheck. Ver detalhes

O que fazer:

No primeiro dia em solo paranaense, o clima não estava muito propício para passeios. Chovia de forma constante, alternando períodos de menor e maior intensidade. A verdade é que como a chuva sucedia um período de estiagem prolongada, era bem vinda, pois dava a expectativa de aumento do volume das cataratas. Só um detalhe! No dia seguinte, a chuva havia dado uma trégua, enquanto atravessávamos a bela cidade de Foz do Iguaçu, por suas largas avenidas, de sul a norte, para chegar a Itaipu Binacional. 

A visitação à Hidrelétrica Itaipu Binacional causa uma estranheza para algumas pessoas. Segundo elas, este tipo de passeio é mais voltado para excursões escolares ou turismo de cunho cultural ou técnico. Pois bem, é quase isso e muito mais! A promoção do turismo está no portfólio da usina, como uma de suas principais missões. À medida que o passeio se desenvolve, vai mostrando ser, além de uma simples visita técnica, um excelente programa familiar!

Nas dependências da hidrelétrica, há estacionamentos específicos e a área de recepção de turistas conta com sinalizações e guias, que ajudam a orientar os recém chegados e organizar as filas. Tudo muito bem organizado, lembrando que a compra antecipada dos ingressos permite que você evite filas. No guichê, onde resgatamos os Passaportes das 3 Maravilhas, fomos orientados sobre como deveríamos utilizá-los na hidrelétrica e nos demais pontos de visitação que nos dariam direito. 
Depois, foi só aguardar a partida dos ônibus panorâmicos.

Itaipu Binacional

Durante a mini excursão pelas dependências da Hidrelétrica Itaipu Binacional, guias vão explicando cada detalhe e se precisar, explicam em Português, Inglês e Espanhol. A história da construção da barragem, informações técnicas, dentre outras informações que vão tornando o passeio ainda mais fascinante.

Itaipu Binacional

O projeto da barragem da Hidrelétrica de Itaipu levou em consideração, dentre outros elementos presentes na região, a enorme vasão do Rio Paraná. Em 1973, iniciaram-se os estudos de viabilidade para a construção da represa, que levaria por muitos anos o título de maior hidrelétrica do mundo. Em 1974, iniciaram-se as obras de construção. Naquele ano, a revista americana Popular Mechanics chegou a comparar o empreendimento a um dos trabalhos de Hércules, episódio narrado pela mitologia grega.

Itaipu Binacional

O passeio ganha uma pausa no Mirante do Vertedouro, ainda no lado brasileiro. Uma oportunidade para admirar a grandiosidade desta obra humana, além de ser um ótimo lugar para fotografar. No local, há lanchonete e sanitários. Além disso, não é necessário ter pressa, pois os ônibus panorâmicos circulam com frequência e o passeio pode continuar quando você quiser.

Itaipu Binacional

A travessia do Rio Paraná, em direção ao lado paraguaio, ocorre próximo à base do gigantesco vertedouro.

Itaipu Binacional

A primeira etapa da obra envolvia a alteração do curso do Rio Paraná. Uma tarefa árdua, para desviar em 2 quilômetros o suntuoso rio de água barrenta. Um empreendimento grandioso também exigiu uma quantidade grandiosa de trabalhadores no canteiro de obra. Entre os anos de 1975 e 1978, milhares de moradias foram construídas nas imediações, para abrigar os operários. A quantidade extra de habitantes exigiu a construção de novas estruturas e a oferta de serviços. Além dos escritórios e de um hospital, construídos nas imediações do canteiro, restaurantes, supermercados, postos de combustível, dentre outros estabelecimentos comerciais foram se instalando no entorno. Enfim, em uma década, a cidade de Foz do Iguaçu quintuplicou de tamanho, passando da casa dos 20 mil habitantes, para mais de 100 mil. 

Itaipu Binacional

Após cruzarmos o Rio Paraná, com suas águas turbulentas, passamos pelo mirante do vertedouro, do lado Paraguaio. 

Itaipu Binacional

Até os enormes ônibus panorâmicos ficam minúsculos diante da enormidade da barragem e toda a sua estrutura.

Itaipu Binacional

Ao sul da represa, o Rio Paraná percorre seu leito normalmente, com suas corredeiras e margens barrentas. Entretanto, durante o período em que os vertedouros da represa se fecharam, este rio ficou seco. 

Itaipu Binacional

Sob qualquer ângulo, a barragem da hidrelétrica é impressionante.

Itaipu Binacional

Um dos motivos que levaram à construção da hidrelétrica no Rio Paraná foi o seu potencial energético. As corredeiras desse poderoso rio tem uma vasão impressionante. Para se ter uma ideia, após o fechamento das comportas, em 1982, com a conclusão da construção da represa, o reservatório encheu em 14 dias. 

Itaipu Binacional

A altura de 196 metros da represa fez com que se formasse um lago com cerca de 1350 Km², culminando na inundação de inúmeras propriedades rurais à montante, ao longo do Rio Paraná. Até pontos turísticos foram suprimidos pelo lago, como o famoso Salto das Sete Quedas, no município de Guaíra, na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul e também com o Paraguai, episódio considerado como o maior impacto ambiental causado pela construção da Hidrelétrica Itaipu Binacional. Os moradores locais mais antigos recordam com carinho o imponente Salto das Sete Quedas, com a ponte pênsil que atravessava a garganta das cataratas e acelerava o coração de qualquer um que ousasse atravessá-la. Era um lugar incrível, uma garganta com cerca de 85 metros de profundidade, por onde escoavam as águas do Rio Paraná, com o dobro da vasão das Cataratas do Niágara. 

Em área superficial, o reservatório da Hidrelétrica Itaipu Binacional está longe de ser o maior do mundo, entretanto, o volume de água que escoa pelo vertedouro tornou esta a maior do mundo, em estrutura e geração de energia. 

O retorno para o lado brasileiro ocorre na pista superior da barragem, ao nível do espelho d'água. Dali, a sensação é incrível, pois há uma imensidão de água do lado esquerdo e as águas turbulentas do Rio Paraná ao lado direito, 200 metros abaixo. 

Itaipu Binacional

Ao todo, a construção de Itaipu levou 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto, lançados por mangueiras e cabos aéreos. Em outras palavras, o volume de um edifício de 10 andares, cerca de 7.207 m³ de concreto eram lançados a cada hora, para a barragem ser moldada. Em seu ápice, o canteiro de obras chegou a contar com 40 mil trabalhadores, incluindo operários, trabalhadores de funções secundárias e administrativas. O transporte de materiais mobilizou o deslocamento de mais de 20 mil caminhões e 6,5 mil vagões ferroviários.

A fábrica das turbinas e tubulações de geração de energia localiza-se na região Sudeste do Brasil. O deslocamento das peças inteiras até a hidrelétrica requereu operação de logística fora do comum, envolvendo autoridades de trânsito de diversas regiões. A primeira turbina, com pouco mais de 300 toneladas, carregada por caminhão especial com batedores, precisou utilizar um caminho sem pontes, algo que elevou o trajeto em mais de 300 quilômetros. Para se ter uma ideia, caminhões articulados comuns, do tipo caminhão e carreta, transportam 42 toneladas, ou 8,5 ton. por eixo.

Voltando ao Centro de Recepção ao Turista, já próximo ao meio dia, almoçamos no restaurante instalado no próprio complexo, pois à tarde, seguiríamos em Itaipu. Nosso destino seguinte foi o Itaipu Ecomuseu, a 1 quilômetro dali.

Itaipu Ecomuseu

O Itaipu Ecomuseu mescla a exposição de elementos históricos da região de Foz do Iguaçu, com elementos ecológicos sobre biomas nativos e também com elementos tecnológicos.

Itaipu Ecomuseu

O que mais chama a atenção de quem transita pela Avenida Tancredo Neves é o enorme caminhão caçamba, que foi utilizado no canteiro de obras da construção da barragem. Normalmente utilizado em atividades de mineração, este gigante, com mais de 4 metros de altura, pouco mais de 5 metros de largura e 10 metros de comprimento, era movido por um enorme motor a diesel, com 80 l de deslocamento e quase 2000 CV's de potência (veículos de passeio são, na maioria, equipados com motores de 1,0 a 2,0 l de deslocamento). Uma de suas rodas dianteiras, com quase 2 metros de altura, pesam mais do que um carro popular.

Itaipu Ecomuseu

No Itaipu Ecomuseu, há diversos ambientes, que tanto contam histórias, quanto descrevem o presente e até o futuro. 

Itaipu Ecomuseu

A exposição sobre os biomas é impressionante, pois se aproxima muito de um ambiente real, com animais circulando aleatoriamente e seus olhos brilhantes. 

Itaipu Ecomuseu

Nesta sala, há uma maquete da região atingida pela barragem da hidrelétrica, com área de 76 m², sob um piso transparente. 

Itaipu Ecomuseu

O rotor, com mais de 1 metro de diâmetro, dá uma ideia do gigantismo desse empreendimento.

Itaipu Ecomuseu

O ápice do passeio ao museu é a Sala do Globo, uma esfera luminosa interativa, que altera seus traços à medida que a apresentação avança. Esta foi a alegria da criançada!

Itaipu Ecomuseu

O pátio do museu é grande e também revela muitas surpresas. 

Itaipu Ecomuseu

Eis a amostra de uma câmara mortuária indígena, moldada tal como fora encontrada em escavações na região.

Itaipu Ecomuseu

O engenho, movido por tração animal, largamente utilizado em atividades rurais, até meados dos anos 60 do século XX, dispensa apresentações. Esta rústica forma de processar a cana de açúcar, transformando-a em produtos e subprodutos reconhecidos mundialmente, confunde-se com a evolução dos meios de produção humanos.

Itaipu Ecomuseu

Não podia faltar uma roda d'água! Repare que todos os artefatos expostos no lado de fora possuem coberturas individuais, para contribuir com sua preservação, abrigando-os do intemperismo. Um dos vários caprichos encontrados no Itaipu Ecomuseu.

Itaipu Ecomuseu

Itaipu dividiu opiniões desde sua concepção, nos anos 70, com o aumento da demanda energética em nosso país e em todo o continente. A inundação do Salto das Sete Quedas ganhou repercussão mundial, à medida que os trabalhos em Itaipu avançavam. Ao mesmo tempo, a população brasileira crescia e a capacidade instalada de geração de energia elétrica ficava defasada. Os custos ambientais inerentes ao projeto, mesmo calculados, foram tão imensos quanto o próprio empreendimento.

Enquanto Foz do Iguaçu crescia vertiginosamente, com o canteiro de obras e serviços relacionados, Guaíra, no extremo norte do Paraná, via sua população minguar de mais de 60 mil habitantes, no início dos anos 80, à cerca de 30 mil habitantes, nos dias atuais. A velocidade com que a paisagem foi alterada foi impressionante: duas semanas para tudo ficar submerso. De qualquer forma, todas as cidades atingidas, hoje recebem royalties da geração da energia. Além disso, muitos projetos de preservação de espécies estão no portfólio da Itaipu Binacional, atividades de mitigação dos impactos ambientais. De qualquer forma, alguns custos foram compensados. Com a construção de Itaipu em andamento, o PIB do Paraguai cresceu cerca de 10,8%, no ano de 1978. 

Em 1982, ansiosos para se despedir do majestoso Salto das Sete Quedas, turistas se aglomeraram sobre a ponte pênsil que atravessava a garganta do salto, em um número bem acima da sua capacidade. A ponte se rompeu e todos caíram nas turbulentas corredeiras do Rio Paraná. Naquele dia, 32 pessoas morreram, número que só não foi maior graças a pescadores da região, que estavam na garganta com seu barco, no momento da queda e resgataram várias pessoas. 

Ficamos conhecendo o Passaporte das 3 Maravilhas no site oficial das cataratas: https://cataratasdoiguacu.com.br/passaporte/ e também no site oficial de Itaipu Binacional: https://www.itaipu.gov.br/. Além de ser mais barato do que a aquisição individual dos ingressos em cada uma das atrações, garante descontos em restaurantes e estacionamentos, além de evitar filas. 

Itaipu Binacional conta com diversos tipos de passeios, desde o tour descrito nesta matéria até passeios de barco pelo lago da barragem e atrações incríveis, para todos os gostos. Visite o site e confira! Acesse também nossa página no Facebook e confira mais fotos e fatos sobre nossos pontos turísticos regionais.

Nossa saga continua! E não escolhemos destinos por acaso. Nas próximas matérias, abordaremos os demais pontos turísticos dessa bela cidade fronteiriça paranaense.

Até a próxima!


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Veja também:

Os Templos de Foz do Iguaçu














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