O Triângulo de Fogo: Fortalezas de Florianópolis
O local:
Ao iniciar a temporada de veraneio, muitas pessoas já começam a se planejar para passar alguns dias no litoral. A areia, o vento contínuo no rosto, o barulho do mar, tudo isso parece ser um coquetel perfeito para recarregar as baterias. Este parece ser um ambiente que agrada a vários tipos de públicos, desde os veranistas propriamente ditos, que passam o dia inteiro na orla da praia, seja para tomar sol, seja para tomar banho de mar, seja para tomar uma caipirinha gelada, até os mais aventureiros, que buscam, além do mar e do sol, lugares exuberantes para conhecer e explorar.
Florianópolis é chamada de Ilha da Magia, isso em virtude de suas praias magníficas e opções de lazer e entretenimento, criando um ambiente realmente mágico. Mas não é só isso! A capital catarinense tem uma face menos conhecida do público, com casarões e igrejas históricos e até fortalezas portuguesas do século XVIII, heranças do Brasil Colonial, que instigam os apaixonados pelo turismo cultural. Uma delas, localizada nas Ilhas de Ratones, só pode ser acessada de barco. Além dela, há outras duas, uma no pontal da Praia do Forte e a outra na Ilha de Anhatomirim, que pertence à cidade vizinha de Governador Celso Ramos.
A tríade de fortalezas, posicionadas em forma de triângulo, serviam para a proteção da costa, mais precisamente, da região da Baía Norte, braço do Oceano Atlântico que fica entre a parte norte da ilha e o continente, delimitada pelo estreito onde hoje existe a Ponte Hercílio Luz e a Ponte Pedro Ivo Campos. Através da Baía Norte, invasores poderiam facilmente adentrar o continente e causar estragos.
Atualmente, as antigas estruturas são zeladas e administradas pela Universidade Federal de Santa Catarina, que atuou no processo de restauração e instalação da estrutura necessária para compatibilizá-las à visitação. Elas ajudam a contar este episódio da História Brasileira, do período colonial. O turismo agradece!
Onde fica:
Como mencionado anteriormente, as fortalezas do século XVIII estão perfeitamente incorporadas às paisagens naturais de onde estão inseridas. A única que pode ser acessada por terra é a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, localizada na ponta da ilha de Florianópolis formada pela Praia do Forte e pela praia de Jurerê Internacional. Locais para estacionar são restritos, portanto, sugerimos que você estacione atrás do P12 Internacional e caminhe até o forte.
A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones localiza-se na Ilha de Raton Grande, imediatamente a oeste da Praia da Geralda. Ela pode ser acessada de barco ou através dos diversos passeios de escuna oferecidos em Florianópolis, a maioria deles, partindo de Canasvieiras.
Já a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim localiza-se na Ilha de Anhatomirim, a cerca de 600 metros da Praia do Sinal, no município de Governador Celso Ramos. Ver detalhes
O que fazer:
Iniciamos nossa jornada com um excelente passeio de escuna, da Praia de Canasvieiras até a Ilha de Ratones. Ao logo do trajeto, conseguimos avistar a Praia de Jurerê Internacional, com suas mansões e barcos de luxo atracados. Quase ao lado da praia, na chamada Ponta do Forte, avista-se a a bela edificação do Forte de São José da Ponta Grossa.
A imponente edificação do século XVIII, toda construída em pedra, é circulada por muros espessos e foi construída em posição estratégica, na entrada da Baía Norte.
Sua construção foi iniciada em 1740 e representava o segundo vértice do triângulo de fogo idealizado pelo Brigadeiro José da Silva Paes, primeiro governador da então recém formada Capitania de Santa Catarina.
Após 10 minutos, navegando pelas águas calmas da entrada da Baía Norte, avistamos outra sobrevivente do tempo: a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, com seu conjunto arquitetônico harmônico, com traços renascentistas, distribuído sobre a pequena ilha de mesmo nome. Com sua construção iniciada em 1739, a fortaleza era a primeira das 3 que formariam o chamado Triângulo de Fogo.
Como o passeio não incluía a visita a esta fortaleza, apenas admiramos à distância. A Ilha de Anhatomirim pertence ao município de Governador Celso Ramos. A visitação é realizada através de passeios de barco iniciados da Ilha de Florianópolis e também da cidade de Governador Celso Ramos, no lado continental.
Mais alguns minutos e eis que avistamos as Ilhas de Ratones, Raton Grande e Raton Pequeno. Na Ilha de Raton Grande, encontra-se a última das 3 fortalezas que compunham o Triângulo de Fogo.
A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones era a última linha de defesa da Baía Norte. Ao menos no plano do Triângulo de Fogo.
Há um protocolo para recepção de visitantes na ilha. Na entrada, é cobrada uma taxa de visitação, assim como nas demais fortalezas. O valor arrecadado é destinado à conservação do local.
Os visitantes são recepcionados junto ao píer, onde os barcos atracam.
Com sua construção iniciada em 1740, a fortaleza foi tombada como Patrimônio Histórico, em 1938.
Uma das atrações mais disputadas para fotografias, na ponta norte da ilha, é este velho canhão com acionamento por cordão e pólvora. O cordão era utilizado para conduzir a chama até o compartimento interno, preenchido com pólvora sob pressão. O cordão também funcionava como um temporizador para a explosão.
Ao visitante, é transmitida uma sensação de viagem no tempo, à época do Brasil Colônia.
Todos os detalhes, inclusive os singelos barcos, fazem o visitante viajar no tempo, diretamente para o século XVIII.
No início dos século XVI, a Ilha de Santa Catarina, atual Florianópolis, era frequentemente visitada por navegadores europeus, também chamados de conquistadores. Quem acabou batizando as ilhas da Baía Norte foi o explorador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca, em 1541, durante sua segunda expedição ao Novo Mundo. Elas foram chamadas de Ilhas Ratones (Rato Grande e Raton Pequeno), pois vistas de longe, de um determinado ângulo, assemelham-se à forma de um rato. Nesta mesma jornada, Cabeza de Vaca acabaria sendo o primeiro europeu a encontrar as Cataratas do Iguaçu.
A verdade é que ambas as ilhas de Ratones são pequenas, porém, uma menor do que a outra. A maior delas, Raton Grande, foi sede de uma das fortalezas que defendiam a Baía Norte. Hoje, as aberturas de madeira restauradas e pintadas de verde contrastam com as paredes rústicas, feitas de pedra e cimentadas por um composto à base de argila.
Na casinha, ao lado da Casa do Comandante, eram armazenadas as armas e munição.
A vista da imponente portada da fortaleza é deslumbrante!
Por estar localizada em um local isolado, a Fortaleza de de Santo Antônio de Ratones permaneceu abandonada por várias décadas, depois de seu desuso.
Na década de 80 do século XX, a fortaleza encontrava-se tomada pela vegetação e com sua estrutura bem comprometida. No início dos anos 90, o processo de restauração foi concluído. Elementos como os canhões de flanco foram mantidos em suas posições originais. O mesmo ocorreu com o aqueduto e a fonte d'água.
A antiga estrutura, com seus 280 anos de vida, ajudam a contar um episódio fascinante da história brasileira. Além disso, oferecem ao visitante uma vista incrível da faixa de oceano que separa a pequena ilha do continente.
E como resistir a um banho nessas águas calmas que circundam a Ilha de Ratones? Neste ponto, a água apresenta temperatura muito agradável para o banho. Isso ocorre pelo fato da Baía Norte não estar diretamente exposta a correntes marítimas vindas do sul. Como resultado, temos uma faixa de oceano com comportamento de um lago.
Quando nossa jornada pelas águas da Baía Norte acabou, saímos de Canasvieiras e partimos para a Praia do Forte. Após atravessarmos a luxuosa Jurerê, com suas mansões e avenidas floridas, chegamos ao nosso último destino, o Forte de São José da Ponta Grossa.
Uma estrutura rústica, tão bela quanto as demais, e com as quais compartilha a mesma história.
Da casa do comandante, a vista era deslumbrante. Um alento, uma vez que era necessário permanecer sempre em alerta, afinal, na época, as tentativas de invasão de espanhóis eram comuns. A América Latina estava sendo literalmente repartida por espanhóis e portugueses, que nem sempre ficavam satisfeitos com suas partes.
Das muralhas que o circundam, ao pórtico de acesso, passando pela Capela e pela Sala do Comandante, tudo foi construído utilizando-se da mesma técnica de pedras assentadas e cimentadas, com um tipo primitivo de ligante à base de argila. Aliás, a Fortaleza de São José da Ponta Grossa era a única das 3 a ter uma capela.
O posicionamento estratégico das edificações e os vãos das muralhas para os canhões não eram suficientes para compensar a deficiência da artilharia da época. Para se ter uma ideia, os canhões possuíam alcance de cerca de 700 metros, enquanto que o braço de oceano entre a Ilha de Santa Catarina e o continente possui pouco mais de 3 quilômetros. Se posicionados de ambos os lados, eles cobriam menos da metade da faixa.
A atuação da Universidade Federal de Santa Catarina, com apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, foi decisiva para garantir a longevidade dessas maravilhas.
Antes de se programar para a visita às fortalezas históricas de Santa Catarina, informe-se sobre o funcionamento. O contato com a coordenadoria pode ser realizado pelo site https://fortalezas.ufsc.br/contato/, pelo telefone (48)3721-8702, pelo e-mail fortalezas@contato.ufsc.br, Facebook ou Instagram.
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Até a próxima!
Ver também: Os Piratas da Ilha da Magia
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