A curiosa história do Vale Profondo
O local:
A história mais conhecida da formação da Serra Gaúcha é a da imigração italiana, as plantações de parreiras e a produção de vinhos, com técnicas trazidas da Europa. Mas há uma outra história a ser conhecida, tão instigante quanto a principal história contada.
Ao final do século XIX, a Europa sofria uma grave crise econômica, em virtude da sua reestruturação econômica e geográfica. Este cenário forçou inúmeras famílias de camponeses a buscar uma vida nova em outras terras. Algumas delas se estabeleceram, em meados de 1890, em um vale ao sul do território caxiense. Estava criada a comunidade do Vale Profondo, também conhecida, na época, como Cascata da 4ª Légua ou Desvio do Monte.
Ao final do século XIX, a Europa sofria uma grave crise econômica, em virtude da sua reestruturação econômica e geográfica. Este cenário forçou inúmeras famílias de camponeses a buscar uma vida nova em outras terras. Algumas delas se estabeleceram, em meados de 1890, em um vale ao sul do território caxiense. Estava criada a comunidade do Vale Profondo, também conhecida, na época, como Cascata da 4ª Légua ou Desvio do Monte.
As terras de relevo acidentado do Vale Profondo, daí seu nome, não eram propícias à agricultura, mas tinham outro potencial: seus rios ofereciam, dentre outras vantagens, a força motriz necessária para movimentar geradores de energia elétrica. Ali também foi instalada uma das primeiras indústrias têxteis do Rio Grande do Sul, pelo potencial hídrico e energético da região, constituída em forma de cooperativa.
A pequena vila ainda estava em formação e os negócios do lanifício não iam muito bem, quando chega ao local o italiano Hércules Galló. Vindo de Piemonte, no norte da Itália, Hércules Galló era um empreendedor, que também havia fugido da crise europeia, para investir suas economias na América.
Galló investiu suas economias no lanifício, tornando-se sócio da empresa e promovendo inúmeras melhorias, como a modernização dos equipamentos e dos processos e aumentando a eficiência da produção. O lanifício prosperou, fazendo com que o vilarejo crescesse, com a construção de uma vila operária. A empresa, chamada de Companhia de Tecidos de Lã, chegou a estar entre as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul e colocou Caxias do Sul, definitivamente, no cenário econômico gaúcho.
Mas nem tudo foi flores! O desenvolvimento econômico veio após árduo trabalho, com enfrentamento às adversidades que o ambiente impunha. Um deles é foi geografia da região, cercada de montanhas, fazendo com que o riacho que corta a localidade subisse rapidamente, em situações de chuvas intensas. Neste tempo, a vila e o lanifício enfrentaram diversas enchentes.
Mesmo com as adversidades, a comunidade prosperou e após a criação do Quinto Distrito, o local passou a se chamar Galópolis, uma homenagem a Hércules Galló e sua substancial contribuição para o desenvolvimento da região.
Mesmo com as adversidades, a comunidade prosperou e após a criação do Quinto Distrito, o local passou a se chamar Galópolis, uma homenagem a Hércules Galló e sua substancial contribuição para o desenvolvimento da região.
Hoje, o Instituto Hércules Galló é responsável por contar esta bela história de perseverança e empreendedorismo. O museu é uma das atrações de Galópolis, na encosta da serra, em Caxias do Sul.
Onde fica:
Galópolis localiza-se às margens da BR-116, principal rodovia de ligação entre Caxias do Sul e a Região Metropolitana. Fica há cerca de 10 quilômetros do Centro de Caxias do Sul, após o início da descida da serra. Ver detalhes
O que fazer:
Quem utiliza a BR-116, no trecho entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, certamente conhece Galópolis. É impossível passar por ali e não reparar nos charmosos casarões de madeira, no moinho, que hoje impulsiona a economia do local, além das montanhas que cercam o local.
Nossa primeira parada foi no Instituto Hércules Galló, um museu com um grande acervo que conta a história do empreendedor italiano que mudou a história da região.
A antiga casa de madeira sem pintura é uma das atrações do museu.
Após sermos cordialmente recepcionados pela guia do museu, fomos convidados a assistir a um vídeo que conta brevemente a história de Hércules Galló e da própria comunidade de Galópolis. Na época, os imigrantes enfrentavam meses de viagem de navio, com escassez de alimentos.
O casarão de Galló é um belo exemplar das casas de madeira construídas na época da imigração, com pé direito alto e rica em detalhes entalhados na própria madeira. Os móveis eram simples, mas funcionais.
Mesmo com a simplicidade, o esplendor das louças europeias não podia faltar.
A varanda do casarão tem uma bela vista da vila.
E o paisagismo também contribui para deixar o local ainda mais atraente.
O casarão é uma edificação imponente, que chama a atenção até de quem passa pela rodovia.
Ao lado do casarão, a casa mais modesta foi a primeira a ser construída por Galló e também seguia o mesmo padrão arquitetônico trazido da Itália.
E à sombra das montanhas, as antigas casas repousam, após atravessarem mais de um século de existência, sem perder seu charme e ar de aconchego.
O conjunto arquitetônico foi totalmente restaurado em 2009, pelo herdeiro, José Galló. O processo de restauração foi concluído na metade de 2010 e hoje, os imóveis são tombados pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Caxias do Sul. O museu funciona de terça a sábado, das 13:30 às 17:30, ou excepcionalmente, sob agendamento.
Numa tarde ensolarada e já parcialmente sombreada pelas montanhas, Galópolis nos inspirava a visitar suas diversas atrações.
No entorno da praça, a Vila Operária foi construída nos tempos áureos do lanifício e seguia um padrão arquitetônico inglês. Algumas mantém as aberturas em arco originais. Hoje, o lanifício não funciona mais, mas seu legado permanece, nas paredes espessas de tijolos a vista.
Em frente à praça, encontra-se a Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. Ela, além de representar a religiosidade dos povos que colonizaram o local, harmoniza bem com o conjunto arquitetônico da Vila Operária ao seu entorno.
Circulamos por algumas estradas do interior, nas imediações da 4ª Légua, até esta singela capela, na comunidade São Paulo, com o campanário de madeira.
Às margens da BR-116, encontra-se o Belvedere Véu de Noiva, um ponto de observação da bela Cascata Véu de Noiva.
O riacho que desce a serra, cai pelos paredões de rocha e torna-se um espetáculo a parte.
Um pouco a diante, também às margens da BR-116, paramos para contemplar o Belvedere da Serra do Pinhal.
O belvedere fica em frente a uma banca de produtos coloniais. Assim, o visitante pode degustar os deliciosos produtos da região, ao mesmo tempo em que se delicia com a vista magnífica da Serra do Pinhal.
Ao final da tarde, fomos surpreendidos com esta vista. Ao passarmos, pareciam simples vultos brancos nas árvores.
Ao nos aproximarmos, vimos que se tratava de dezenas de garças reunidas em uma árvore das imediações. Esta é a Árvore das Garças, um verdadeiro ponto de encontro dessas aves, que se reúnem às dezenas para repousar.
A cena é curiosa, pois elas se reúnem em uma única árvore.
E quando o Sol se esconde atrás das montanhas, as garças se encontram nessa árvore, que pode ser vista da rodovia e que encanta visitantes ou simplesmente os que por ali passam.
Após visitarmos Galópolis, começamos a ver este cantinho de Caxias do Sul com outros olhos. Um local que conhecíamos apenas de passagem, mostrou-se tão surpreendente quanto os diversos pontos turísticos que a Serra Gaúcha apresenta, com seus vales, cascatas e casarões.
Agradecemos à equipe do do Instituto Hércules Galló, pelo cordial atendimento. Agradecemos também à Dona Ieda, moradora da Vila Operária de Galópolis, pelas histórias e pelo acolhimento.
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Por vezes, o que você procura está mais próximo do que imagina!
Até a próxima!
Uma correção: o Lanifício ainda funciona. Renomeado como Cooperativa Têxtil Galópolis.
ResponderExcluirForte abraço!
Obrigado pelo comentário. Sua contribuição é importante para nós! Abraço!
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