Museu do Linho: Um pedacinho da Suécia na Serra Gaúcha
O local:
Já não é novidade para ninguém que, entre o início dos séculos XIX e XX, houve um êxodo de imigrantes europeus ao Brasil. Ao todo, foram cerca de 3 milhões de imigrantes vindos ao Brasil, em busca de novas perspectivas de trabalho e de vida. A maioria deles, alemães, italianos e poloneses, acabaram se instalando na Região Sul do país, os quais receberam terras do então Governo Imperial, para povoamento e cultivo. A estratégia do Governo Imperial em povoar regiões, até então, inexploradas do país, acabou se estendendo ao envio de convite a escandinavos. Em 1890, os primeiros suecos desembarcaram em solo brasileiro e acabaram se estabelecendo, principalmente na Serra e Norte do Rio Grande do Sul.
Entretanto, esta história não foi tão feliz como esperavam os imigrantes escandinavos. Ao contrário de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que vieram para o Brasil para fugir da miséria e das doenças, os escandinavos desembarcaram aqui em busca de novas perspectivas de trabalho, mesmo acostumados com altos níveis de desenvolvimento humano de seus países, com o clima frio e um padrão cultural incomparável. Ao chegarem, encontraram locais ainda pouco desbravados e trabalhados pela civilização humana. A ausência de infraestrutura associada ao calor fez com que alguns desistissem e retornassem aos seus países de origem. Algumas famílias suecas permaneceram e contribuíram para o desenvolvimento de cidades do Sul, com suas refinadas técnicas de produção, viram no Brasil uma oportunidade, uma vez que havia matéria prima excedente para sua especialidade: cordas e tecidos confeccionados com linho.
Por isso, um dos únicos vestígios da imigração sueca no Brasil é o Svenska Kulturhuset, a Casa da Cultura Sueca, ou Museu do Linho, como também é conhecida a antiga fábrica de cordas, que funcionou até 1978, ano em que foi destruída por um vendaval. Depois disso, a casa foi completamente restaurada e ganhou cunho cultural. Trata-se de um pequeno pedaço da Suécia no coração da Serra Gaúcha, em meio a paisagens bucólicas de montes cobertos por parreirais.
Onde fica:
A Casa da Cultura Sueca fica nas proximidades da Linha 80, distrito de Linha Jansen, interior de Farroupilha. Para chegar até lá, utiliza-se, primeiramente, a RS-448, rodovia que liga Farroupilha a Nova Roma do Sul. Passando-se pela comunidade de Linha Jansen, cerca de 1,5 Km após, há uma curva acentuada à direita e o acesso à Linha 80, à esquerda. Após acessar a estrada para a Linha 80, são mais 5 quilômetros até a casa, sendo cerca de 2 Km com asfalto e o restante sem pavimento. Ver detalhes
O que fazer:
A visita à Casa da Cultura Sueca ocorre mediante agendamento pelo telefone (54)3455-7490, (54)3261-9188 ou pelo celular (54)99138-4095. A visita custa R$5,00 por pessoa. Na entrada, uma cordial recepção de Dona Vilma, neta de um dos pioneiros suecos a se estabelecer no Brasil.
Dentre as histórias sensacionais de Dona Vilma, fomos observando a decoração da casa. Ali, tudo remete à cultura sueca, que prima pela simplicidade e funcionalidade. Próximo à entrada, há uma réplica de barco Viking.
A boneca dá boas vindas, ostentando as cores da bandeira sueca.
A casa, construída em 1944, pela família Bohm, serviu como fábrica de cordas de linho até 1978. A cor é a mesma utilizada em quase todas as casas do meio rural da Suécia. A tradição das casinhas vermelhas é antiga. Havia uma época em que as casas não eram pintadas, pois a tinta era muito cara. Foi então que descobriram que os resíduos da exploração de cobre resultavam em uma espécie de tinta vermelha, que além de tornar as residências mais atraentes, protegia a madeira do intemperismo e clima extremo.
A mesa lembra cenas bucólicas bem familiares, tradicionalmente europeias.
O cesto de vime e o lampião a querosene são bem conhecidos. Já os pratos de cerâmica são marca registrada da Suécia.
A simplicidade está presente em todos os utensílios antigos. Os suecos vêem na simplicidade o segredo da qualidade de vida. Não é por acaso que é um dos melhores países do mundo para viver.
Um povo que descende dos Vikings não podia deixar de fazer esta menção.
O porão de pedra rústica abriga o Museu do Linho. Em 1890, o imigrante Carl Oscar Bohm desembarcou no Brasil e trouxe consigo sua técnica e ferramentaria para produzir cordas de linho. O linho é uma planta herbácea, comum de climas temperados como o do Sul do Brasil. Inicialmente, a fábrica foi instalada no interior de Antônio Prado. Em 1908, foi transferida para Linha Jansen, na época, interior de Bento Gonçalves.
No Museu do Linho, encontram-se expostos utensílios antigos, tanto de uso diário, como também ferramentas utilizadas para a produção e acabamento das cordas de linho.
As cordas realmente tinham um acabamento diferenciado, fruto de técnicas refinadas de confecção.
A rusticidade está em todos os detalhes, até na luminária de palha.
As fibras de linho eram penteadas com o auxílio desta escova.
A torção das fibras ocorria através de um sistema de correia, movimentada por esta roda de madeira, movida a manivela. Na polia, um pequeno gancho dava início à corda.
Os povos europeus são caprichosos em tudo, especialmente com seus jardins.
Além do passeio guiado e das fascinantes histórias, fomos presenteados com esta bela paisagem de cartão postal!
A página da Casa da Cultura Sueca no Facebook é www.facebook.com/Museu-Sueco-Svenska-Kulturhuset-1679691265630861/. Para grupos de 15 visitantes ou mais, além da visita, pode-se optar pelo café típico sueco, também sob agendamento. Uma refeição completa com diversas iguarias do país nórdico. O contato também pode ser feito pelo e-mail casadaculturasueca@gmail.com.
Agradecemos à Dona Vilma pelo excelente atendimento!
Em nossa página no Facebook, há mais fotos deste e de outros passeios em lugares incríveis da nossa região. Acesse e confira!
Até a próxima!
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